terça-feira, 27 de agosto de 2013

ARQUITETO MARCIO KOGAN - CASA PARATY

Hoje vou falar de um dos projetos que sou completamente apaixonada. Trata-se de um trabalho feito pelo escritório do arquiteto paulistano Marcio Kogan, graduado pela Universidade Mackenzie em 1977, por quem morro de admiração.


Kogan tem obras incríveis. Com uma obsessão perfeccionista, está sempre buscando aperfeiçoar seus trabalhos e encontrar erros para não repeti-los futuramente (é O cara!). Se aventurou no mundo do cinema, dirigiu curtas e longas, mas resolveu seguir sua carreira de formação. Parte disso foi influência de seu pai, engenheiro-arquiteto, que o levava para algumas obras quando criança.

Com a teoria (mega admirável!) sempre em prática de que a arquitetura deve emocionar e conquistar as pessoas, o profissional se entende como tradutor dos sonhos de seus clientes, tanto em projetos comerciais quanto residenciais (eu, discípula fervorosa, adotei imediatamente!).

Venceu uma fase em que suas fachadas e espaços eram muito brancos e frios, experimentando materiais inusitados, normalmente próprios ao local da construção, como pedras naturais e madeiras da região. 

Seu estilo de projetar é próprio e sofisticado, prioriza as linhas retas, a decoração minimalista em tons neutros e amplos espaços. Tudo isso preservando o conforto e aconchego. Gosta de utilizar o contraste entre materiais naturais como fibras, madeiras, pedras com produtos e materiais de alta tecnologia, criando sua própria linguagem. Suas obras primam pela plasticidade, impressionam pela leveza, simetria, refinamento e praticidade.

É um dos nomes de referência dentro da arquitetura e um dos profissionais desta área mais premiados do país.

Escolhi a Casa Paraty para representar seu trabalho. Foi um projeto ousado, à beira de uma pequena montanha. É uma residência imponente, digna de admiração e prêmios internacionais. Composta por duas caixas horizontais revestidas de concreto reforçado tanto externa, quanto internamente, engastadas na rocha, a casa se abre à estonteante paisagem brasileira. Em meio a natureza praticamente intocada, a estrutura encontra equilíbrio na topografia do terreno, relacionando-se com o entorno.

Essa casa foi construída na praia de Santa Rita para um casal de jovens colecionadores de móveis brasileiros do século XX. Os proprietários desejavam um lugar onde pudessem abrigar sua coleção de mobiliário e passar os finais de semana em meio à natureza. O acesso à residência é feito somente por barco.

Sob o volume suspenso que abriga o living e os cômodos de serviço, um amplo espaço de lazer com espreguiçadeiras proporciona o conforto de quem mergulha na piscina linear de borda infinita, revestida por pedras brasileiras, valorizada por uma iluminação cênica. Com 27 metros de extensão, a área social possui enormes janelas de vidro que correm em trilhos no teto e no piso, valorizando a vista para o mar. No bloco superior, reservado aos dormitórios e zonas íntimas, essa face frontal também é aberta para o exterior, porém possui painéis retráteis de varas de eucalipto que protegem os ambientes do sol forte.

A cobertura da residência é coberta de terraços e telhados verdes, com observatório, jardim de esculturas e inclusive uma pequena horta dos moradores. Móveis elegantes e consagrados completam os interiores, com peças clássicas do design nacional, assinadas por nomes como Lina Bo Bardi, Sérgio Rodrigues, Joaquim Tenreiro e José Zanine Caldas.

Esse projeto foi premiado pela revista britânica Wallpaper no Design Awards 2010, na categoria “Best new private house”.

As caixas de concreto inseridas na Mata Atlântica. 

Vista da casa. Sobreposto e independentes, os dois volumes possuem quase o mesmo tamanho. 

A integração com o entorno. A piscina e a banheira estão praticamente na praia. 

A caixa possui balanço de 8 metros. 

Destaque para a textura de concreto e o fechamento em eucalipto dos dormitórios, volumetria que ganha pureza geométrica. 

A caixa de vidro permite a passagem entre os dois volumes. O uso do concreto armado aparente confere uma textura surpreendente para todas as paredes. Os dois pavimentos da casa estão dispostos em blocos independentes e interligados por um pilar. 

A passarela sobre o espelho d'água marca o acesso. 

O hall de entrada dá o tom da circulação interna. 

Duas grandes paredes de concreto armado, de 40cm de espessura, nas laterais da residência, servem de apoio para as lajes e vigas. Parte da estrutura apoia-se sobre essas paredes. 

O pátio ilumina a cozinha. 

No volume inferior da casa estão localizados os ambientes sociais como a sala de estar com fechamento em vidro e vista para o mar. 

Amplos caixilhos integram estar e jantar ao exterior. 

Varanda é continuidade da área fechada de estar. 

Ficha técnica:
Localização: Paraty-Rio de Janeiro
Área: 840m² construída - 50000m² total
Número de pavimentos: 4
Ano: 2008/2009
Projeto de Arquitetura: Marcio Kogan e coautoria de Suzana Glogowski.


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